DIA DO ESTUDANTE 2020



Em 1987, a Assembleia da República Portuguesa estabeleceu o dia 24 de março como o Dia Nacional do Estudante.

Este dia não nos foi oferecido, foi conquistado. Conquistado por todos aqueles que presenciaram as Crises Académicas da Década de 60, que face às respostas violentas do Estado Novo continuaram a lutar pelos direitos e interesses dos Estudantes. Proibiram-nos o Associativismo Estudantil, o Encontro Nacional de Estudantes, recusaram-nos a palavra e prenderam-nos, chantagearam-nos com o envio para a Guerra Colonial, em África. Tudo isto porque tivemos a coragem de dar voz àquilo que se queria no silêncio, os erros e as falhas de um Governo em decadência. Resistimos com greves a calendários de exames, distribuímos flores pelos habitantes de Coimbra, fechámo-nos na Cantina Velha da Universidade de Lisboa, lançámos balões com mensagens em praças…

Talvez hoje não tenhamos de lutar para pedir a palavra e tudo isto nos pareça longe da nossa realidade, mas não nos contentemos com a “liberdade de expressão” nem nos deixemos levar pela inércia, porque o Estudante sempre reivindicou o que é seu por direito, ou deveria ser. Também nós já demonstrámos isso mesmo, quando, em 2019, quase assistimos ao cancelamento do Cortejo da Latada, ou à profunda mudança dos seus moldes. Rapidamente se ergueram cartazes de crítica e sátira de seis Faculdades, que os mostraram a toda a cidade e anunciaram a sua chegada, a plenos pulmões. No Terreiro do Paço, dos milhares de Estudantes só se ouviram os passos. O silêncio foi instaurado como forma de protesto. O manifesto lido representou a nossa posição perante a situação e permitiu a afirmação do Cortejo da Latada como manifestação, porque disso mesmo se tratou naquele dia. E mais uma vez milhares de capas voaram, guiadas por uma única voz, por um sonho.

Em 2020, aos ombros de todos estes gigantes da nossa História, celebramos este dia como nosso. Em breve voltaremos a encher as ruas com o negro já conhecido das nossas capas, para que daqui a 30 anos outros ainda o façam, sustentados nos nossos ombros, cada vez mais alto.


E para os Estudantes não vai nada, nada, nada?




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