A História do Batismo Académico



O Batismo é uma das mais importantes e queridas tradições académicas, tendo a sua origem em Coimbra. Os Padrinhos eram, habitualmente, escolhidos pelos pais dos Caloiros, fosse por serem estudantes com a mesma origem geográfica ou filhos de conterrâneos conhecidos. Tinham como função orientar e integrar os Caloiros na Comunidade Académica e ajudá-los nas dificuldades do processo de adaptação. 


A vivência em Comunidade e o contacto mais regular entre Caloiros e Padrinhos intensificava-se no dia a dia das “Repúblicas” - espaços míticos que, albergando estudantes, possuíam uma regulamentação e um estatuto jurídico perante o Código de Praxe de 1957.

No entanto, os alunos mais velhos, justificando-se na necessidade de protegerem o Caloiro, tornavam-se, frequentemente, responsáveis pelas suas finanças e, ao invés de os orientar, acabavam por, nalguns casos, explorá-los monetariamente.


Embora nos dias de hoje o Padrinho/Madrinha possa não representar tudo aquilo que representava no início da sua prática (pelas mudanças que os tempos foram trazendo), mantém-se este acolhimento e compromisso mútuo.


A formalização deste apadrinhamento acabaria por se dar exatamente no Batismo. Nos seus primórdios, remetendo-nos, mais uma vez, à Cidade de Coimbra, o Batismo decorria, nas margens do Mondego, durante as festividades da Latada, e era consumado pelo Dux-Veteranorum, que conduzia a Cerimónia, com a presença do Padrinho ao lado  do seu afilhado.


Cada Casa torna esta cerimónia muito própria e única, idealizando e proporcionando ao Caloiro um momento memorável de transição e entrada na sua Comunidade. Este é a figura central do evento, aquele onde todos os olhos recaem, pois é aqui que é reconhecido e integrado pelos interpares. Os demais Doutores confirmam, no Batismo, o percurso do novo membro e acolhem-no como um dos seus. 

Este ato solene, embora marque o compromisso mútuo entre Padrinho e afilhado, também representa um momento de integração, celebrando a entrada do Caloiro na Comunidade. 


Os modelos desta cerimónia não são imutáveis. Seja o Batismo do Caloiro feito pelo Padrinho, pela Comissão de Praxe ou pelo Dux Facultatis, como aconteceu na última entrada de novos elementos na nossa Casa, será sempre uma Cerimónia com um imensurável significado para os recém chegados como para a restante Comunidade.


No Batismo, encontramos, de um lado, sangue novo de quem está a começar a sua jornada neste longo, mas bonito caminho; e, do outro, os que se regozijam com o alargamento da Comunidade, sempre com a esperança de que a Praxe Académica perdurará e vá ganhando força com e em cada Caloiro que se compromete a fazer parte dela. 




 

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