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Origem do F.R.A.

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Há Tradições Académicas que atravessam gerações sem que alguém pare verdadeiramente para pensar de onde vieram. O Grito Académico F.R.A. é uma delas: permanece vivo, vibrante e reconhecível, mesmo que poucos conheçam a sua origem ou compreendam plenamente o seu significado. Usado há décadas nos mais variados contextos estudantis, o grito divide-se tradicionalmente em duas partes. A primeira é a dedicatória, momento em que a voz de comando desafia a assembleia com a célebre pergunta: “Então (malta), e para (inserir dedicatória)…não vai nada, nada, nada?”, ao que todos respondem com um sonoro “Tudo!”. A provocação repete-se, a resposta também, num jogo de chamada e eco que cria o ambiente certo para o que vem a seguir. Entra então a segunda parte, a aclamação, conduzida por quem, com “cagança” e “pujança”, anuncia a chegada do F-R-A e desencadeia a sequência das vogais FRA, FRE, FRI, FRO e FRU, repetidas pela assembleia, até culminar na explosão final de “Aliqua, chiribiribi-tá-tá-tá-tá,...

Insígnias de Praxe: A Tesoura

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Entre as emblemáticas Insígnias de Praxe, a Tesoura reúne tanto simbolismo como controvérsia. A sua história vai além de um simples instrumento de corte, remontando às origens da Tradição Académica e das práticas punitivas e religiosas da sociedade ocidental. Por possuir um antigo historial ligado aos ritos com Caloiros, talvez importe entender o seu significado à luz da origem da palavra. Do Latim, tonsoria , “o que serve para cortar”, remete imediatamente para a tonsura, que se refere tanto ao ato de cortar parte do cabelo simbolicamente, como ao corte que do ato resulta. A tonsura tem origem no Direito Canónico, como um símbolo de entrega espiritual, um sinal de desprendimento, renúncia e devoção. Com o passar do tempo, este gesto passou também para o Direito Penal, transformando-se numa punição pública e humilhante. Diversos forais municipais portugueses referem a pena de tonsura aplicada a traidores ou mulheres adúlteras, já sem valor religioso, mas como marca de desonra e escárni...

Canção de Coimbra

Enquadramento geral A canção de Coimbra, é uma designação atribuída a um conjunto muito vasto e diversificado de géneros e práticas musicais associadas sobretudo, mas não só, à tradição académica da Universidade de Coimbra. Apesar de serem utilizadas outras denominações para as tradições musicais associadas à canção de Coimbra (como fado de Coimbra, canto de Coimbra, serenata coimbrã, balada coimbrã, toada, trova…) a designação “Canção de Coimbra” permite englobar outros géneros musicais além do fado, evitando igualmente a conotação exclusiva com o fado de Lisboa. Essencialmente uma tradição masculina protagonizada por estudantes, professores e futricas , a canção de Coimbra constitui um conjunto de práticas musicais com raízes e desenvolvidas em contexto universitário. As origens e o desenvolvimento histórico do género ainda necessitam de um estudo mais aprofundado e sistemático. A sua génese está no fado de Lisboa, mas a partir da transição para o século XX e durante as duas primeira...

Ameaças à morte da Praxe

A Praxe Académica tem atravessado diferentes períodos de crise ao longo da história, ora sendo abolida por decisões institucionais, ora enfrentando resistência de movimentos estudantis e sociais, até mesmo amolgando-se por visões sensacionalistas da comunicação social ou pela falta de envolvimento de quem, hoje, a faz acontecer. Questionamo-nos se o olhar do atual estudante trajado reflete um iminente e inevitável luto pela morte da Praxe Académica ou, quem sabe, se esta simples metáfora de um luto pela Praxe reflete a impossibilidade desta “morte anunciada”.  A Praxe foi proibida, pela primeira vez, em 1727, pelo rei D. João V, após a morte de estudantes nas “Investidas aos Novatos”, consequência de comportamentos violentos daqueles que, ao abrigo do Foro Académico, viviam na impunidade face à justiça. Apesar da interdição, a Praxe sobreviveu na clandestinidade e voltou a ganhar força ao longo do tempo. Com o fim do Foro Académico, em 1834, os estudantes sentiram a necessidade de ...