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Ameaças à morte da Praxe

A Praxe Académica tem atravessado diferentes períodos de crise ao longo da história, ora sendo abolida por decisões institucionais, ora enfrentando resistência de movimentos estudantis e sociais, até mesmo amolgando-se por visões sensacionalistas da comunicação social ou pela falta de envolvimento de quem, hoje, a faz acontecer. Questionamo-nos se o olhar do atual estudante trajado reflete um iminente e inevitável luto pela morte da Praxe Académica ou, quem sabe, se esta simples metáfora de um luto pela Praxe reflete a impossibilidade desta “morte anunciada”.  A Praxe foi proibida, pela primeira vez, em 1727, pelo rei D. João V, após a morte de estudantes nas “Investidas aos Novatos”, consequência de comportamentos violentos daqueles que, ao abrigo do Foro Académico, viviam na impunidade face à justiça. Apesar da interdição, a Praxe sobreviveu na clandestinidade e voltou a ganhar força ao longo do tempo. Com o fim do Foro Académico, em 1834, os estudantes sentiram a necessidade de ...

Insígnias de Praxe: A Colher

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Na correria dos dias, não damos conta de que as Insígnias que nos rodeiam contam histórias e remetem para um passado repleto de misticismo, talvez distante da realidade Praxística atual. A Colher de Praxe faz parte de um conjunto de elementos emblemáticos, cuja origem, embora incerta, remete para práticas simbólicas.     Entre mitos, tradições e especulações, onde se encaixa a origem da Colher e qual a sua relação com o Estudante?   Calcula-se e, muitas vezes, estabelece-se uma ligação causal entre a colher de pau, utilizada por mendigos para pedir esmola, e a Colher de Praxe. Porém, esta origem não é completamente certa. Sabe-se que na Península Ibérica, desde a Idade Média, se praticava o costume da oferta de sopa a quem precisava, nos quais, possivelmente, se incluíam estudantes menos abastados. A colher de pau era, assim, utilizada como acessório, surgindo na aba do chapéu, no peito do vestuário ou mesmo em cestos, daqueles que procuravam sustento. Gírias como “S...

Reuniões Gerais de Praxe e a Origem do Cargo de Dux Facultatis na Faculdade de Medicina de Lisboa

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As Reuniões Gerais de Praxe da nossa Faculdade terão tido início do Ano Praxístico 2011/2012 “com o intuito de discutir temas relacionados com a Praxe e debater alguns assuntos com vista à harmonização máxima do funcionamento da mesma.” Ao mesmo tempo que a Comunidade Praxística da nossa Casa procurava entender os moldes em que podia fazer a sua voz ser ouvida, era também uma preocupação da Comissão de Praxe da Faculdade de Medicina de Lisboa (CPFML) demonstrar que era do seu máximo interesse a procura desta opinião. “Esta actividade visa todos os membros praxistas da FML aos quais a CP da FML convida e incentiva à sua presença no evento com vista a manifestarem a sua opinião.” Na altura apelidadas de RGPraxe, foram vistas como oportunidades de discutir Praxe por Praxe, talvez por esta ainda se encontrar em fixação na nossa Casa, visto que os seus moldes haviam sofrido uma mudança algo brusca aquando da implementação da CPFML, apenas dois anos antes. Apesar de não termos encontrado re...

Papel dos Estudantes no 25 de abril

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Certo é que nos questionamos muitas vezes qual o nosso papel no Ensino Superior, enquanto Estudantes e, de um modo mais geral, na sociedade civil. Onde podemos ser úteis? Terão as nossas ações um impacto real ou serão ainda muito jovens as nossas vozes, faltando-lhes a autoridade da maturidade? Todos sabemos a importância que Alberto Martins, presidente da Associação Académica de Coimbra (AAC) da época, teve na luta pela liberdade quando, em 1969, pediu a palavra em nome dos Estudantes, mas saberemos a história de tantos outros Estudantes que fizeram desta luta a sua, na cidade de Lisboa? É com esse mote que hoje nos debatemos sobre o papel do Estudante na revolução de 25 de abril de 1974, focando-nos na sua influência para o contexto político do país e, mais concretamente, no impacto dos alunos da, à data, Faculdade de Medicina de Lisboa. "Pergunto ao vento que passa, notícias do meu país" É já dado adquirido que a contestação civil ao regime salazarista não irrompeu a 25 de...

Cafés Académicos | Dra Cabide

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 Quando se sentam à mesa aqueles que procuram saber e aqueles que tanto têm para oferecer, o café será sempre só uma desculpa.  Neste primeiro café, cedemos aos impulsos da incessante busca pelos primórdios da Praxe Académica na nossa Casa, sonhando perceber como chegámos àquilo que vivenciamos hoje. Para isso, conversámos com a Dra Joana “Cabide”, aluna do 9-15, membro da Comissão de Praxe da Faculdade de Medicina de Lisboa (CPFML) entre 2011 e 2014, atual médica de Medicina Geral e Familiar. Como começou a CPFML? No Ano Praxístico em que a Dra Joana “Cabide” foi Caloira, 2009/2010 , colocou-se em prática o projeto Comissão de Praxe da Faculdade de Medicina de Lisboa (CPFML), já há muito idealizado. Ocorreu no segundo Período Praxístico do respetivo ano, quando o grupo de pessoas que deram forma a esta ideia tornaram o Batismo, e o seu jantar prévio, um momento organizado, acompanhando-o da apresentação do primeiro Código de Praxe da nossa Faculdade. Como foi recebida a CPFM...

Insígnias de Praxe: A Moca

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A moca é, com certeza, a Insígnia de Praxe que observamos com maior frequência no nosso dia-a-dia praxístico. Seja na mão, ou apoiada no ombro, dá ao seu portador um ar imponente característico. E, embora assim o seja, é também a Insígnia que mais dúvidas suscita relativamente à data da sua adoção por parte dos Estudantes. Tendo origem Pré-Histórica, como arma de caça e de defesa, a sua adoção pelos Estudantes da Academia Coimbrã remonta às origens da Universidade.  Não podendo ter pregos ou picos eriçados e apresentando, tradicionalmente, uma cabeça redonda ou oval lisa, terá visto o seu uso intensificado devido à proibição de espadas, punhais e armas de fogo em meios extra-militares. No início do século XX, a moca era também usada como símbolo de poder dos veteranos, sendo que, em situações de arruamento, era tapada pela capa ou colocada em bolsos fundos da batina. Muito utilizada em contexto de trupe, viu-se protagonista nos combates entre os membros destas e os anti-trupistas. ...

Queima 2023

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  Quando chega Maio e soam as guitarras Uma nova mística paira no ar O primeiro acorde revela o mistério De mais uma Queima a começar Um traçar triste num último adeus Em despedida à solene Lisboa Um rasgão para sempre deixado Nos corações onde a saudade ecoa De Capa no chão e Cartola ao alto, vai-se desfazendo o nó da gravata. Uma flor desabrocha na lapela negra e sorriso entre as lágrimas desta linda data O desejo de mais uma volta à Cidade, De mais um cortejo para viver E o Finalista vê atrás de si A Casa que o viu crescer Quem parte deixa aos que ficam O Sonho, a Vontade e a Missão De não esquecer a nossa História E de continuar a Tradição    Uma Tradição que foi esquecida Mas que a Academia veio resgatar, A essência de ser Estudante Na lembrança de quem ousou sonhar